Sete mitos da Transformação Digital

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Sete mitos da Transformação Digital

Equívocos comuns podem prejudicar a capacidade da sua empresa para alcançar os resultados desejados

A Transformação Digital tem potencial para ser bem bastante arrojada. Quando feita corretamente, pode permitir que seus negócios obtenham benefícios significativos e bem documentados . Mas como em muitas casos na TI, é preciso  resistir à tendência para o exagero e para a ilusão até que a promessa corresponda à expectativa.

Os conceitos e estratégias subjacentes à Transformação Digital não são novos. A ideia de repensar a forma como uma organização usa tecnologia em busca de novos fluxos de receita ou novos modelos de negócios tem sido fundamental para os negócio,  “desde que começamos a colocar registros corporativos e transações em computadores na década de 1970, e continua a construir e acelerar no mercado”, observa Michael Kanazawa, líder consultivo em inovação da Ernst & Young para as Americas. Para aqueles que estão continuamente inovando e alavancando novas tecnologias, não há hype, acrescenta ele.

“Há um empurrão constante para inovar os negócios tão rápido quanto as novas tecnologias permitem avanços em valor e desempenho empresarial, e essa é uma jornada longa”, diz ele.

Aqui estão sete mitos sobre Transformação Digital apontados por especialistas da indústria e líderes de negócios e TI.

Mito1:: A Transformação Digital é uma função de TI

Com recursos digitais novos e emergentes que afetam todas as áreas do negócio, é importante lembrar que a transformação é tanto sobre a liderança quanto sobre tecnologia, diz Janice Miller, diretora de programas de liderança e gerenciamento de produtos da Harvard Business Publishing Corporate Learning.

“A liderança digital requer uma mentalidade inteiramente nova, que precisa ser considerada por todos os membros de uma organização, em todos os níveis”, diz ela. Para serem bem-sucedidas, “as empresas precisam avaliar como a tecnologia será usada para melhorar seu modelo comercial, gerar valor e se conectar com clientes finais”.

A tecnologia pode ser um poderoso facilitador, concorda Aaron Rubinstein, gerente de serviços compartilhados da Anadarko Petroleum. “Mas, sem uma estrutura organizacional alinhada para apoiar os objetivos do projeto, uma cultura que aceite o raciocínio da mudança e processos de negócios intuitivos que conectem pessoas e sistemas, um resultado verdadeiramente transformacional é muito difícil de alcançar”, diz ele.

Pensar sobre esses projetos de forma restrita como implementações de software muitas vezes resulta em uma falha em perceber todo o potencial do que foi imaginado, diz Rubinstein. Não só você precisa do time certo para liderar um esforço de transformação, como também de uma cultura organizacional pronta para realizar mudanças significativas.

Mito 2:: A verdadeira transformação é uma jornada blue chip

A realidade é que a transformação real vem de disruptores que não possuem grande participação de mercado, diz Stephen Andriole, professor de tecnologia de negócios na Escola de Negócios da Universidade Villanova.

Ainda há muita ignorância em torno do que é a Transformação Digital, diz ele. Alguns entrevistados achavam que era o equivalente a instalar um novo sistema ERP. Conseqüentemente, as grandes corporações pensam que dominam suas indústrias simplesmente porque foram bem sucedidas no passado, diz Andriole, observando que a “Marriott poderia ter feito a AirBnB”.

 

Outras startups, como Amazon, Uber e Netflix, também estão tendo sucesso em cima de players tradicionais em suas respectivas indústrias, ressalta. Mas poucas empresas estabelecidas, como a Starbucks, também estão ficando competitivas olhando para seus processos e experimentando, diz Andriole. “Eles são muito inovadores e promovendo ajustes para melhorar seus processos”, diz ele. “Estão entre os primeiros, eu acredito, em fazer transações sem dinheiro porque querem atrair mais consumidores e vender mais coisas. … Você acha que fazer café é simples, mas não é. ”

A maioria das empresas não investe tempo para entender seus processos de negócios ou criar mapas de processos ativos, diz ele. Somente quando já estão perdendo participação de mercado, ou um executivo começa a se preocupar em perder seu bônus, é que eles se dispõem a tentar coisas novas. 

Mais de 70% dos entrevistados em uma pesquisa feita pela universidade em 2016 manifestaram interesse em transformação de dados. Mas não possuíam mapas de processos ativos, de acordo com Andriole. “As pessoas tendem a não falar sobre transformação de dados e gerenciamento de processos de negócios (BPM) com a mesma intensidade”, diz ele.

Quando as organizações não possuem um inventário completo de seus processos de negócios, não conseguem fazer e responder as perguntas certas. Um processo está quebrado quando não é open e ágil.

Ele cita o tempo em que ele foi CIO global interino na empresa farmacêutica Shire, de 2010 a 2011, como exemplo. Andriole começou a olhar para o BPM e descobriu que muitos processos, como o planejamento da cadeia de suprimentos, estavam quebrados. “Mas o estoque estava aumentando, e não muitos gerentes e executivos que possuíam os processos quebrados estavam prosperando”, ele observa. “Por que chamar a atenção para os problemas quando todos estão ganhando dinheiro?”

Recentemente, porém, o estoque caiu e a necessidade de transformação digital passou a ser óbvia, ele diz. 

Este é o momento em que os CIOs experientes podem resurgir como salvadores . “Quando os tempos são difíceis, todos querem soluções, e ninguém quer processos quebrados”, diz ele. Os CIOs podem aumentar a sua influência nas organizações que precisam de ajuda liderando grandes esforços de transformação digital.  “Claro que, se eles falharem, eles poderiam se tornar uma vítima dos próprios processos que eles estão tentando transformar”.

A transformação digital funciona melhor quando os tempos são difíceis – e não quando tudo está indo bem, diz Andriole. “Então, de forma torcida, os CIOs devem estar prontos para se mover quando os preços das ações caírem”.

Mito 3:: A transformação digital consiste em reduzir a força de trabalho

As transformações digitais costumam fazer uso de inteligência emergente e capacidade de aprendizado de máquinas, levando alguns a acreditar que o fim da transformação digital é um papel menor para humanos. Mas até lá, você ainda precisará de seres humanos, diz Andy Bennett, vice-presidente sênior da IoT EcoStruxure da Schneider Electric. “Estamos ouvindo muito falar sobre esse enorme impacto que vai acontecer com o aprendizado da máquina. Que, em última instância, irá diminuir a força de trabalho e gerar eficiências. Isso é absolutamente algo que não estou vendo hoje.”

Bennett está vendo exatamente o contrário. Quanto mais automação e análise de dados, mais humanos são necessários para gerar os algoritmos e entender o que está acontecendo em edifícios complexos ou fábricas atendidas por ele.

Há “tantas ineficiências cozidas” nos dispositivos conectados, que é uma falácia assumir que a análise de dados permitirá um tempo de reação mais rápido. “Acho que estamos quase indo na direção oposta”, diz ele. A IoT nos ajuda a melhorar a busca de informações “, mas você precisa de muita interação humana”.

Quando Bennett conversa com CIOs, ele diz achar que existe uma crença inerente de que a análise de dados e a IA resultarão em equipamentos que não quebram ou que não precisam ser atendidos, o que não é o caso. “O que poderemos fazer é ser mais proativos; chegare às coisas antes de quebrem, mas você ainda precisará de uma pessoa para aparecer em uma planta e fazer algo sobre isso”.

Mito 4:: A Transformação Digital é toda sobre a tecnologia

Existe a percepção de que as empresas simplesmente precisam trazer novas ferramentas, modelos e habilidades para competir em um novo campo de jogo, diz Seth Robinson, diretor sênior de análise de tecnologia da CompTIA.

No entanto, a pesquisa da CompTIA mostra que, embora as empresas tenham interesse pela TI estratégica, elas não estão necessariamente preparadas para executar essa visão, diz ele. Setenta e oito por cento das empresas entrevistadas dizem que estão usando tecnologia para impulsionar os resultados comerciais, mas apenas 28% estão extremamente confiantes em sua capacidade de aplicar tecnologia aos objetivos comerciais, diz Robinson.

As empresas geralmente clamam pela Transformação Digital porque vêem os ambientes de negócios e as demandas dos clientes mudarem. Mas recentes avanços, em particular em torno da nuvem, construíram algumas expectativas que nem sempre são válidas, diz Robinson. A tecnologia sozinha, enfatiza, não é a panacéia alardeada quando os executivos não param de considerar a totalidade das exigências e habilidades necessárias.

“À medida que as empresas buscam a Transformação Digital, terão de investir na construção da cultura certa e também na transformação da função de TI, incluindo novas habilidades e oportunidades de parceria”.

Kanazawa, da E&Y, concorda. “O mito-chave é que a Transformação Digital é apenas sobre tecnologia, em vez de ser sobre a criação de incríveis novas experiências e valor para clientes, parceiros e funcionários”.

Mito 5:: O buy-in executivo é certo

Para que qualquer projeto seja bem-sucedido, você precisa de buy-in e suporte contínuo da alta administração; as transformações digitais não são diferentes. No entanto, os executivos seniores muitas vezes estão relutantes em exibir esses projetos porque são muitas vezes complexos e assustadores, diz Andriole, que também é consultor de negócios.

Muitas vezes, eles têm a síndrome do “se não está quebrado, não conserte”, diz ele.

Nesses casos, o conselho de Andriole é “encontrar um grande espelho e olhar para ele.” O que você realmente vê? Se não há motivos reais para implantar uma iniciativa ou compromisso digital por parte da administração, não faça, diz ele.

Mito 6:: A Transformação Digital traz harmonia de TI e negócios

As transformações digitais bem-sucedidas requerem colaboração entre a TI e o negócio, mas se você acha que a harmonia de negócios de TI é o resultado garantido de uma Transformação Digital, é melhor pensar novamente, diz Bennett, da Schneider Electric. 

É um mito acreditar que, apenas porque dispositivos conectados estão se movendo para as empresas, TI e OT “convergirão de maneira natural e preditiva”, afirma Bennett. 

Existe uma crença persistente por parte dos empresários de que eles estão sendo restringidos por TI em vez de habilitados por ela, diz ele. 

Mito 7:: A jornada digital termina na implementação
Dan Doggendorf aprendeu com a experiência que a Transformação Digital nem sempre é a bala de prata para resolver um problema do negócio. Doggendorf, vice-presidente de operações de negócios e CIO da equipe de hóquei Dallas Stars, diz que seus olhos foram abertos após a implantação de um novo sistema de telefone com recursos de relatórios para rastrear dados de vendas. Quando começaram a olhar para os sistemas, “os requisitos começaram a ser cada vez maiores, e cada vez que os executivos de vendas viam uma demo, eles queriam mais”.

Ele comprou um sistema com muita funcionalidade, e com toda sinceridade, a única coisa que eles usam é o dashboard, ele observa.

“Muitas vezes os usuários nos trazem uma solução que eles consideram legal, mas sobre a qual realmente não sabem como usar”. No caso do sistema de telefone, ele oferece a capacidade de fazer análise de dados e business intelligence, mas não está sendo usado em todo seu potencial, diz ele.

Fonte: CIO

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