Pode parecer contraditório, mas da maneira como as coisas estão sendo construídas, a Internet, que deveria nos abrir uma porta para o mundo, nos limita a vermos cada vez mais do mesmo.
Você provavelmente já passou pela experiência de ter visitado um website de comércio eletrônico e perceber que aquele produto que você viu começou a te perseguir em outros websites. É o que chamamos de remarketing e que tem sido utilizado cada vez mais pelas lojas virtuais para conseguir impactar os seus clientes, mesmo após eles terem saído de seus domínios.
Isso já aconteceu comigo e fez com que eu me tornar-se cliente. Após visitar alguns websites de móveis, toda vez que entrava na internet, via o anúncio do e-commerce visitado mostrando exatamente aquele móvel que estava pesquisando. E isso se repetiu por alguns dias. Não resisti e acabei comprando.
A mesma técnica aplicada ao comércio eletrônico também está presente em todo tipo de website.
Os algoritmos das redes sociais e de diversos websites podem funcionar mostrando para você conteúdos muito semelhantes àqueles que você interagiu. A lógica é: já que você gosta de determinado tipo de conteúdo continuará recebendo outros semelhantes. Assim, essas empresas aumentam a chance de obter o seu engajamento.
Até mesmo em sites de filmes isso pode acontecer. Quando determinado sistema de streaming resolve te recomendar somente aqueles tipos de filme que você já assistiu, você vai perder a chance de conhecer outros títulos que podem “fugir um pouco” do seu perfil. Isso pode tomar uma proporção maior, quando você percebe que todos ao seu redor estão assistindo as mesmas coisas.
A inteligência artificial ou simplesmente os algoritmos presentes nos diversos websites que você frequenta – e não exclua o Google da sua lista- te mostrarão cada vez mais opções parecidas com o que você consome. A consequência disso é que você será cada vez menos exposto ao novo, ao diferente e ao não usual para o seu perfil.
Imagine como seria um mundo onde os computadores te conhecem tão bem, que a sua vida acaba sendo ditada pelo o que os algoritmos determinaram que é melhor para você e para seus amigos. Ruim, não?
Mas existe uma solução?
Talvez para um ou outro website você consiga fazer uma navegação anônima ou desabilitar os cookies, mas o fato é que estamos entrando na era da internet das coisas (IOT). Sua geladeira, se ainda não está, poderá muito em breve estar conectada à internet e automaticamente quando as suas cervejas acabarem esses sistemas preencherão sua lista de compras. E se você quiser simplesmente mudar seus hábitos e tomar um bom vinho?
Por isso, como consumidor, fique atento ao seu redor para não ficar refém da tecnologia. Esperamos que no futuro os computadores também saibam que, de tempos em tempos, sentimos prazer em descobrir o novo, experimentar novas sensações, comprar diferentes produtos e viajar para lugares ainda não explorados.
Experimente desconectar-se da internet e ter novas experiências que fujam um pouco do seu perfil, como por exemplo, comer em um restaurante diferente ou conhecer um novo museu, sem nunca ter visto algo a respeito on-line. Também vai fazer bem para você!
Fonte: ADNEWS
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