A pesquisa divulgada na semana passada pela Fundação Getúlio Vargas indicou que o Varejo brasileiro destinou 3,4% da receita em gastos e investimentos em TI. Na visão de Eduardo Terra, presidente Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, o setor está passando por um processo de amadurecimento e vem se consolidando como uma das indústrias que mais cresce, o que exige aportes nas mais variadas tecnologias.
“Quem mais investe em TI são os grandes grupos varejistas. Essas empresas não existiam e vem surgindo principalmente por meio de processos de fusões e aquisições. Quanto mais surgirem grandes empresas de Varejo com faturamento acima de um bilhão de reais, mais veremos o percentual da receita sendo investido em tecnologia, pois uma empresa desse porte precisa de um ERP, de soluções na nuvem, de servidores, de analytics, entre outras tecnologias que permitam controle e processos bem definidos”, aponta Terra.
Segundo ele, o Brasil conta hoje com aproximadamente cem empresas do setor de Varejo com faturamento acima de um bilhão de reais. Cinco anos atrás, esse número não passava de 30 companhias. “Há cinco anos, o segmento de farmácia, por exemplo, nem entrava nesse ranking, hoje, existem cerca de dez grandes empresas deste setor”, acrescenta.
Base tecnológica
Esse cenário de crescente expansão desperta boas expectativas de amadurecimento e investimento em tecnologias, processo que permite ao Varejo inovar a cada dia. Aqui, Eduardo Terra divide o papel da TI em dois planos: a tecnologia de backoffice, que é aquela “invisível” aos olhos, mas que resolve os problemas estruturais e traz a base de operação, logística, multicanalidade e processos. E a tecnologia de frente de caixa, aquelas que são mais visíveis aos consumidores com conceitos de loja do futuro.
“O avanço significativo que temos visto no Varejo são essas tecnologias que dão mais trabalho, as desenvolvidas para resolver os problemas de ruptura, precificação e produtividade. Elas são as bases para o varejista poder inovar em frentes tecnológicas para o consumidor. Claro que dá mais glamour falar das pirotecnias da loja do futuro, mas o varejista precisa entender qual tecnologia vai trazer mais resultado. Em muitos casos, essas soluções não são aparentes, parece que o empresário não investiu nada, mas, na verdade, o investimento foi feito no backoffice, o que trará mais maturidade para o varejista ter seu diferencial em termos de entrega de experiência do cliente”, aponta.
Isso envolve a movimentação na indústria de softwares com soluções que permitem melhorias nas operações de estoque, precificação e multicanalidade, além de tecnologias analíticas para medir produtividade e eficiência. Na visão de Terra, as ferramentas de computação na nuvem vêm entregando muito valor ao Varejo, pois são as mais democráticas no modelo de entrega tanto para as grandes redes com servidores em cloud, quanto para os menores varejistas que já utilizam soluções como Dropbox ou Google Drive.
“A nuvem já é uma realidade no Varejo Brasileiro. Por outro lado, o big data não se consolidou tão fortemente. Na minha visão, é uma tendência que está avançando, até porque o varejista é orientado a informação e histórico de relacionamento com o cliente. Mas a aplicabilidade do big data ainda está sendo usada em forma de ‘laboratório’. Existem muitas perguntas e poucas respostas sobre isso”, explica.
Fusão dos canais
De fato, o Varejo brasileiro vem aprimorando o relacionamento com o cliente e, ao mesmo tempo, o uso de tecnologia em seus processos. Até o menor varejista precisa se automatizar com a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica do consumidor. Para Eduardo Terra, mesmo o setor vivendo um momento de estabilização do negócio diante de desafios econômicos, o futuro espera grandes inovações com boas expectativas de crescimento, principalmente com o amadurecimento do e-commerce e de conceitos do omnichannel.
A própria NRF 2015, um dos maiores eventos de Varejo que aconteceu em janeiro em Nova York, trouxe um novo ponto de reflexão de atendimento em múltiplos canais. “Ao invés da integração entre loja física e virtual, o evento discutiu muito a fusão dos canais. Um exemplo é o Star Bucks que nos Estados Unidos o cliente faz o pedido pelo celular, paga por meio de mobile payment e retira o produto na loja mais próxima. Nesse processo, quem vendeu? A loja física ou a virtual?”, questiona.
Fonte: Decision Report
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