De acordo com Frank Calderoni, os CIO estão em uma posição privilegiada para, nas empresas, defender ou bloquear as mudanças
Gestão da Mudança é uma disciplina que visa apoiar indivíduos, equipes e organizações durante processos de mudança através da combinação de Ciências Sociais e do Comportamento, Tecnologia da Informação e Soluções de Negócio.
Atualmente, as empresas estão focadas na Transformação Digital, reinventando modelos e processos de negócio. Estas mudanças digitais podem alterar sua essência – olhe, por exemplo, o caso dos fabricantes de impressoras que passaram a vender soluções de gestão documental.
Chegar lá requer um realinhamento da forma como os trabalhadores olham para a empresa e para os seus papéis, de como a empresa chega aos clientes e de como ela utiliza a tecnologia. E é aí que a Gestão da Mudança entra em campo.
“Todas as empresas lidam com a mudança em algum momento”, diz Frank Calderoni, CEO da Anapalm. Calderoni foi também CFO e vice-presidente de operações da Red Hat e desempenhou funções de CFO na Cisco, QLogic e SanDisk.
A mudança “está relacionada com o ambiente externo em que existe. A mudança é, de fato, uma questão de competitividade, de velocidade e de inovação”, sublinha Calderoni. “Sabemos que temos de estar em constante mudança. O problema com a mudança é que, algumas vezes, não é fácil para as pessoas envolver-se e ser bem-sucedidas”.
Envolver as pessoas requer uma liderança forte. “As mudanças falham quando começam na base, mesmo que comecem em um grupo de entusiastas apaixonados”, refere Calderoni. “Sem o apoio que precisam para levar o processo para a frente em empresas ou organizações de maior dimensão, é impossível efetivá-las”.
Os CIOs estão bem posicionados para defender ou bloquear a mudança, uma vez que ela deve ser conduzida a partir do topo da “C-suite”. E aí está uma oportunidade para eles próprios e suas equipes. O CIO que decidir se “agarrar às planilhas e sistemas legados, vai tornar-se antiquado a qualquer momento. Psrs manter-se relevante em relação com o que se passa à sua volta, é preciso mudar a forma como se fazem as coisas e as ferramentas que se utilizam.
Calderoni desenvolveu, ao longo dos anos, 10 verdades que “os líderes da mudança devem acatar para ter sucesso”.
- É tudo sobre pessoas
A tecnologia pode facilitar a mudança, mas o sucesso da mudança depende, em última instância, da adesão ou resistência dos empregados. “Começa com as pessoas”, diz Calderoni. “Assegure-se que você está pensando nas implicações que as alterações que pretende fazer têm nas pessoas. Há pessoas que vão ajudar no processo, outras que vão colocar obstáculos. É preciso minimizar o número de resistentes e maximizar os apoiadores”. - A mudança leva tempo
As tecnologias podem mudar rapidamente nas circunstâncias adequadas, mas mudar a forma como os empregados olham para os seus papéis, o negócio e a cultura da empresa é algo que não acontece de um dia para o outro. O tempo necessário para a mudança de “corações e cérebros” deve ser incluído no plano de Gestão da Mudança. “Vai levar tempo”, diz Calderoni. “Seja razoável nas expectativas que cria sobre o tempo que irá levar para fazer as mudanças. Inclua-o no plano. Pode ser agressivo, mas precisa de ser realista, igualmente”. - Comece com uma visão
As estratégias de Gestão da Mudança de sucesso requerem um desenho claro do que se pretende atingir. A ideia não pode ser demasiado rígida – será necessário introduzir alterações ao longo do processo – mas será necessária uma visão clara dos objetivos que se pretende atingir para que todos se movam na mesma direcção.
“Assegure-se de que existe uma visão”, assinala Calderoni. “Qual será o indicador de sucesso depois de todo o trabalho desenvolvido? Ajuda a compreender o “porquê” e a valorizar e aderir a esse “porquê”.
- Envolva os interessados
Para ter sucesso na Gestão da Mudança é necessário identificar as pessoas que serão mais afetadas pelas alterações propostas e envolve-las no projeto. Essas pessoas vão transformar-se os maiores resistentes ou apoiadores da mudança. Se possível envolva-os na criação da visão de Gestão da Mudança desde o primeiro momento.
“Entenda quem precisa ser parte do processo de mudança e assegure-se que eles estão alinhados”, sublinha Calderoni. “Assegure-se que estão dispostos a fazer a mudança e transforme-os em defensores da mesma”.
- Conheça as compensações
Todas as mudanças têm impacto. Se destinar pessoas e orçamento a um projeto, outros projetos ou processos poderão ser afetados. Quando planejar a mudança, identifique outras áreas que poderão ser afetadas e procure quantificar esse efeito para equilibrar as alterações. “É necessário ter consciência de que não é possível fazer tudo”, sublinha Calderoni. “Assegure-se das prioridades do que está fazendo e o modo como o está fazendo”. - Trabalhe com apoio
Ouvir vozes dissidentes pode ser valioso, uma vez que elas podem ter pensado em outras consequências que você e sua equipe não tinham identificado. Mas não se consegue mudar uma organização com sucesso se as pessoas colocarem obstáculos a toda a hora. É necessário trabalhar com pessoas que compartilham a sua visão e deixar para lá os outros que não a têm.
“Assegure-se que você está rodeado das pessoas chave, em especial aquelas que têm papéis críticos e que são os seus apoiadores”, diz Calderoni. “Eles compreendem o que está procurando atingir e são participantes interessados e não resistentes. Vão dar-lhe o impulso necessário para superar os obstáculos.
- Comunique, comunique, comunique
Uma clara visão dos seus objetivos não o ajudará se ela não for compartilhada. Calderoni diz que costumava promover reuniões, enviar emails, newsletters, utilizar intranets, videoconferência e outras ferramentas para compartilhar as visões de mudança com os empregados. É preciso fazer tudo o que está ao seu alcance para fazer com que a visão chegue a todos e crie um sentido de missão entre os empregados.
“Faça com que abstraiam sua situação pessoal e pensem de um modo mais abrangente”, explica Calderoni. “É mais fácil dizer do que fazer. Algumas vezes pode-se convocar pessoas para uma reunião de brainstorming. Pode-se retirá-los da rotina. Ajudá-los a compreender e apreciar que existem outras formas de fazer as coisas. Incutir-lhes a necessidade de vencer”.
- Ouça
A comunicação não é unidirecional. As partes interessadas, mais próximas do que pretende mudar, têm muitas vezes perspectivas diferentes das suas. Razão pela qual a contribuição deles é essencial. “Ouça tantas pessoas quanto possível”, sublinha Calderoni. “Receba informação e ouça à medida que vai trabalhando para que possa perceber quando é necessário fazer ajustes no percurso”. - Dê poder à maioria silenciosa
Em qualquer situação, algumas vozes serão provavelmente as mais barulhentas. Mas, ainda assim, não significa que representem a vontade de todos. Assegure-se que reúne opiniões daqueles que, de outro modo, não iriam falar. Sondagens anônimas é uma das opções, mas Calderoni assinala que é necessário formar e encorajar os indivíduos da maioria silenciosa a manifestar-se. “Há sempre resistentes com vozes dominantes”, afirma Calderoni. “Eles não estão necessariamente bem aconselhados. Envolva as pessoas certas e encoraje-as a falar também. Capacite esses indivíduos para que possam ter voz”. - Aprenda ao longo do percurso.
O general prussiano Helmuth von Moltke (século XIX) disse uma vez: “nenhum plano de batalha sobrevive ao primeiro contato com o inimigo”. Esta verdade é igualmente válida na Gestão da Mudança. À medida que lidera a sua organização através da mudança, surgem novos e inesperados desafios. O sucesso da sua Gestão da mMudança depende do ajuste a esses desafios. “Entenda que a todo o momento será necessário ajustar o projeto e reavaliá-lo para assegurar que ainda está no caminho certo”, diz Calderoni. “A informação nova vai acompanhá-lo ao longo de todo percurso, até ao final do projeto”.
Fonte: CIO
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