Da IA à VR, essas tecnologias e tendências disruptivas começarão a orientar como os negócios serão realizados nas organizações com visão de futuro
O ritmo das mudanças tecnológicas teve um impacto profundo em quase todos os setores. Hoje em dia, não é suficiente acompanhar as tecnologias emergentes, mas se manter à frente delas. No próximo ano, novas e evoluídas formas de utilizar dados serão o foco das empresas. As inovações em inteligência artificial, edge computing e robôs de aplicação serão cada vez mais aproveitadas para obter vantagens competitivas, conforme as organizações buscam usar dados de maneira rápida e eficiente para tomar melhores decisões de negócios.
As empresas que não conseguirem antecipar essas e outras tendências correrão o risco de passar por uma crise em breve. Para que você tenha uma ideia de onde as empresas devem fazer as suas apostas, conversamos com especialistas em tecnologia sobre o que deve afetar uma ampla variedade de organizações, com base nos processos de transformação digital.
Os profissionais indicaram as melhores opções para o que deve receber maior atenção e forneceram algumas ideias sobre as implicações da adoção dessas tecnologias disruptivas.
Automação de processos robóticos (RPA)
As empresas estão apresentando grandes ganhos com um conceito simples: delegar tarefas tediosas à automação. Chamada de automação de processos robóticos (RPA), essa solução já está impactando os fluxos de trabalho.
“A taxa de avanço e utilidade funcional da automação de processos robóticos é surpreendentemente boa e parece estar melhorando a cada dia”, diz Matt Stevens, CEO da AppNeta. “Eu realmente não esperava ver esse nível de inteligência chegar tão rapidamente.”
Segundo o Gartner, a RPA está superando todos os outros segmentos do mercado de software corporativo em todo o mundo, com receita esperada de US$ 1,3 bilhão neste ano. O mercado cresceu 63% no ano passado, atingindo os US$ 846 milhões.
Com o aumento do seu valor comercial, a expectativa é de que mais empresas implementem iniciativas de RPA nos próximos meses.
Inteligência artificial
A IA está ajudando as empresas a lidar com problemas que seriam impossíveis para as equipes de tecnologia ou negócios, segundo Tim Jobling, CTO da Imagen. “Ainda não estamos adotando a visão de que as máquinas aceitarão todos os trabalhos humanos, mas estamos vendo uma revolução semelhante à de quando os computadores se tornaram populares. Hoje estamos vendo uma onda de problemas sendo enfrentados pelas abordagens de IA e ML [aprendizado de máquina] e isso acaba com parte da carga de trabalho chata ou possibilita um novo processamento em uma escala que não seria possível de ser executada por pessoas”, afirma Jobling.
A IA também está desempenhando um papel importante na defesa das empresas contra ameaças cibernéticas, uma tendência que Vinay Sridhara, CTO da Balbix, espera que continue a ganhar força no próximo ano.
“As empresas estão usando a IA para permitir que as suas equipes de segurança cibernética tenham uma ideia precisa do risco de violação, analisando até centenas de bilhões de sinais com variação temporal na rede”, observa Sridhara.
DataOps
A adoção de uma abordagem ágil para gerenciar dados com IA e aprendizado de máquina pode ajudar a dar vantagem às empresas em 2020, diz Renee Lahti, da Hitachi Vantara. Essa abordagem colaborativa e multifuncional de análise, conhecida como DataOps, pode se mostrar altamente disruptiva quando adotada. “As empresas estão apenas descobrindo a solução”, declara Lahti.
“É mais sobre as pessoas do que sobre a adoção do processo. Segundo o Gartner, a atual taxa de adoção do DataOps é de menos de 1% do mercado – mas esse 1% terá uma enorme vantagem competitiva.”
Chris Bergh, CEO da DataKitchen, explica que o conceito combina desenvolvimento ágil, DevOps e lições aprendidas com a fabricação. “É uma metodologia que permite que as equipes de ciência de dados prosperem, apesar dos níveis crescentes de complexidade necessários para implantar e manter análises”, declara Bergh. “Sem o ônus da dívida técnica e do trabalho não planejado, as equipes de ciência de dados podem se concentrar em sua área de especialização – criando novos modelos e análises de IA que ajudam as empresas a cumprir sua missão.”
A abordagem, que unifica os fluxos de trabalho relacionados à análise de dados, pode ter efeitos intangíveis na capacidade de uma organização extrair valor dos seus dados. “Isso melhora o trabalho em equipe e reduz os processos manuais que diminuem a produtividade. O DataOps transforma as equipes de dados em times de alto desempenho”, acrescenta Bergh.
Vídeo e comunicação unificada
A experiência dos funcionários está se tornando um fator crucial para o sucesso organizacional – não apenas em termos de produtividade, mas como um elemento-chave para atrair talentos. Em um estudo com quase 300 empresas, visando descobrir o que é uma experiência de excelência para os funcionários, os pesquisadores do MIT encontraram uma surpresa no topo da lista: vídeo. Investimentos em tecnologia de vídeo levam à inovação, bem como a colaboração e produtividade aprimoradas.
“Vemos empresas investindo significativamente em tecnologias de vídeo interativas, especialmente quando elas expandem o uso da metodologia ágil para além das suas equipes de desenvolvimento de software”, diz Kristine Dery, cientista do Sloan Center for Information Systems Research do MIT. Dery prevê que a tecnologia de vídeo continuará a simular e melhorar a comunicação com novos recursos, como realidade virtual (VR) e outras tecnologias imersivas. Da mesma forma, Stevens, da AppNeta, vê as comunicações unificadas (UC) ganhando espaço nos próximos anos.
“Problemas crônicos de confiabilidade fizeram das primeiras soluções de UC uma aposta para as empresas, e as ferramentas atuais resolveram essas desvantagens”, explica. “As ferramentas mais recentes de UC adicionam recursos visuais e de compartilhamento de conteúdo . Eles podem realmente melhorar a eficiência das reuniões, tendo um impacto para além do que as interações face a face podem proporcionar, permitindo uma inclusão mais ampla e participação ativa nos ambientes de trabalho de hoje, que são altamente distribuídos.”
5G
O hype sobre o 5G tende a ignorar o fato de que uma implantação nacional da tecnologia levará anos para ser realizada. Mas isso não impede as empresas de elaborar seus planos de serviços de alta velocidade e baixa latência.
“As organizações estão avançando suas estratégias 5G antes mesmo da ampla disponibilidade da rede”, afirma Jason Hayman, gerente de pesquisa de mercado da TEKsystems. O CTO do VoltDB, Dheeraj Remella, também vê promessa na rede de quinta geração, mas alerta que as expectativas em torno da tecnologia podem levar a problemas. “Se as operadoras e as empresas não conseguirem lidar com o boom de dados que vêm com o 5G, a latência que os usuários esperam é o feedback em tempo real, disponível com velocidades mais altas da rede. Caso não cumpram, isso tem o potencial de incitar revoltas contra determinadas marcas ou tecnologias”, observa Remella. Para combater os riscos, Remella acredita que as empresas devem implementar arquiteturas de dados escaláveis e em tempo real. Além disso, o especialista vê o 5G tendo um efeito cascata.
“A promessa do 5G está forçando as organizações a identificar processos que estão prontos para mudanças e garantir que a pilha de TI existente possa atender às demandas das novas redes”, acrescenta. “Por esse motivo, o 5G está impulsionando a adoção de outras tecnologias, da edge computing à VR (Realidade Aumentada).”
Contêineres
Contêineres e microsserviços estão atraindo interesse de equipes que precisam desenvolver e escalar rapidamente códigos, especialmente quando lidam com a Internet das coisas (IoT) ou com nuvem. “É interessante ver os projetos de IoT puxando muitas tecnologias, como Edge Computing, sem servidor e contêineres, além de estruturas organizacionais em torno de DevOps e microsserviços”, diz Todd Loeppke, CTO da Sungard AS.
Vários dos nossos especialistas apontaram para a ampla adoção do Kubernetes, um sistema de orquestração de contêiner de código aberto que automatiza a implantação, o dimensionamento e o gerenciamento de contêineres. “Está permitindo arquiteturas inteiramente novas que podem ser ampliadas rapidamente”, afirma Tom Petrocelli, pesquisador da Amalgam Insights.
“Tanta atenção está focada no Kubernetes, que está prejudicando outras plataformas de tecnologia. O Kubernetes também ajudou a gerar ou amplificar uma série de outras tecnologias, como malha de serviço e produtos de automação de pipeline de CI/CD baseados em contêineres.”
“O Kubernetes é a maneira mais popular de lidar com aplicativos e serviços em contêineres executados em ambientes locais e na nuvem, além de dispositivos de todos os tamanhos”, declara Jeff Reser, gerente global de produtos e marketing da SUSE.
“Com mais e mais coisas para gerenciar, a automação da implantação e orquestração de infraestrutura e aplicativos faz parte das infraestruturas definidas por software.”
Experiências imersivas (RA, RV, realidade mista)
As experiências imersivas têm sido bem sensacionalistas, mas de certa forma lentas. Ainda assim, a promessa é atraente, e Bill Bodin, CTO da Kony, fabricante de aplicativos corporativos, vê a realidade aumentada (AR), em particular, fornecendo benefícios para os negócios. “Com a RA podemos aumentar as prateleiras e os produtos das lojas em tempo real. Em manutenção, reparo e muitas aplicações industriais, podemos criar sobreposições informativas em equipamentos mecânicos ou elétricos, colocando as principais métricas de instrumentação diretamente nas mãos das pessoas que trabalham na área”, observa.
Bodin também vê exemplos na indústria de viagens, com aeroportos fornecendo displays virtuais, personalizados para o viajante. “Nos bancos, podemos usar a realidade aumentada para direcionar os clientes para as principais áreas de serviço e mostrar dinamicamente os nomes e as áreas especiais da equipe da agência”, acrescenta. “Para aqueles que trabalham com equipamentos bancários, como caixas eletrônicos, podemos fornecer visualizações de falhas internas e fornecer referências de reparo seguras, adaptadas exatamente ao problema.”
Todd Maddox, pesquisador da Amalgam Insights, também vê usos em potencial para experiências imersivas em programas de treinamento. “A VR tem um grande potencial para treinamento e habilidades pessoais”, em particular para o treinamento de competências interpessoais, como empatia, comunicação e afins. “A VR e a AR são muito eficazes porque se baseiam no aprendizado experimental e porque envolvem amplamente vários centros de aprendizado e desempenho no cérebro, incluindo sistemas cognitivos, comportamentais, emocionais e experimentais.”
IoT e edge computing
Um relatório de pesquisa da CompTIA de 2019 descobriu que cerca de um terço das empresas americanas acreditam que as estratégias de IoT podem ajudar a gerar receita, aumentando a produção, monetizando dados ou ajudando a vender serviços como produto. Loeppke da Sungard está vendo avanços na edge computing e na IoT, mas também percebe a necessidade de ferramentas de IA e ML para lidar com os dados gerados de uma maneira mais acessível para as empresas.
“O big data existe há cerca de 10 anos, mas o verdadeiro desafio do big data é encontrar uma maneira de compreendê-lo e descobrir como usá-lo para fins comerciais”, diz Loeppke. “Ferramentas tradicionais foram usadas com sucesso limitado, na minha opinião. Com a tecnologia ML sendo mais acessível, mais empresas poderão fornecer uma experiência aprimorada ao cliente e terão mais chances de monetizar os dados que acumularam ao longo dos anos.”
Vários dos profissionais com quem conversamos mencionaram os benefícios do processamento inteligente na edge antes de serem carregados na nuvem. “O que os humanos realmente se preocupam é com a interação com o mundo real, que requer inteligência”, defende Sumir Karayi, fundador e CEO da 1E. “É por isso que acho que a edge computing substituirá a IoT. As pessoas pensam na IoT como uma entidade que se conecta à nuvem e, portanto, efetivamente fornece inteligência à nuvem, em vez de ser inteligente. E eles estão certos ao pensar isso, porque os dispositivos conectados geram uma massa inteira de dados sobre os quais você não tem controle. A edge computing, por outro lado, oferece recursos locais de tomada de decisão e mais controle sobre os dados.”
Fonte: CIO
Autor: Paul Heltzel
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